terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sei lá... A vida é uma grande ilusão...

Nada como uma novela do Manoel Carlos no fim do dia para esquecer dos problemas. É impressionante como a vida e o cotidiano ficam muito mais bonitos nas mãos do autor. Certa vez, quando ele deu declarações dizendo que ia se aposentar eu quase tive um acesso de saudade antecipada. Como ficar sem as Helenas, sem a praia do Leblon (agora Búzios), sem a bossa nova da abertura das novelas do Maneco?



Caminho das Índias se foi com toda a sua algazarra de cores e músicas, tumulto de gente dividindo a rua com vacas, isso sem falar das 300 viagens ÍndiaxBrasil que deixava até a gente cansado. Eu já estava com saudade de ver as cenas de uma vida mansa e perfeita na telinha. Tem gente que acha que novela não pode fugir muito da realidade, já eu prefiro que fuja mesmo, senão não é novela é telejornal.



Viver a Vida promete ser mais do mesmo... Com excessão à primeira Helena negra e jovem temos tudo que vale a pena ver de novo: gente podre de rica à beira da piscina bebendo champagne, mulheres lindas, com cabelos lindos e maquiagens perfeitas, glamour, gente andando de helicóptero como se fosse de táxi, amores tórridos de tirar o fôlego e o José Mayer como par romântico da protagonista... Peraí! Zé Mayer e Taís Araújo?! Bom, acho que dessa vez o Maneco errou um pouquinho no repeteco, afinal, não custava nada ter arrumado um mocinho mais moço ou então menos clichê, né?



Mas calma, ainda é a primeira semana. Ainda dá tempo de fazer ajustes no que não colar. Apesar de achar que mudar o mocinho assim não é bem a cara do Manuel Carlos, mas pelo menos ainda dá tempo de dar umas aulas de interpretação básicas pra "Helena", afinal a Taís Araújo já apareceu mais que todos os outros personagens e ainda não provou ser merecedora do cargo. Ainda tá meio forçada naquele sorriso encolhedor de olhos e nas suas péssimas caras de surpresa ou susto. Mas tudo se ajeita, quem sabe ela se inspira nos versos de toquinho e cai na real que pra ser uma Helena é preciso muito mais do que um corpo esculpido e um cabelo versátil:

"Sei lá, sei lá, só sei que é preciso paixão.

Sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão..."

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Os Descompassos do Século XXI

A vida moderna é cheia de contradições. Pra começar, estamos sempre atrasados pra tudo. Ainda que você tenha saído de casa com muita antecedência você não conseguirá chegar na hora. O ônibus vai atrasar, vai ter um engarrafamento enorme no meio do caminho ou você vai esquecer de alguma coisa muito importante e terá que voltar pra buscar. Não sei se isso pode ser considerada uma marca do carioca ou do brasileiro, mas chegar vinte minutos atrasado já é corriqueiro em qualquer situação. E se quiser chegar na hora certa, tem que marcar vinte minutos antes.
A dependência da tecnologia também é outro sintoma. É completamente desesperador estar num lugar onde o seu celular não funciona e não tem nenhuma lan house por perto. Nos sentimos desconectados do mundo, solitários, desatualizados e isso é angustiante. Não atender o telefone por simples educação ou respeito já não é um ato praticado usualmente. A recepcionista pode estar no meio de um atendimento a um cliente que esperou horas na fila, mas se o telefone tocar, o indivíduo vai ter que esperar mais, porque certamente ela irá atender. Quando quero obter prioridade e atenção no atendimento faço uma ligação.
Outra coisa muito singular da vida moderna é a exigência de que as pessoas sejam e façam mil coisas ao mesmo tempo. E isso não tem me permitido mais momentos de lazer completamente relaxados, porque estou sempre com a sensação de que tenho muitas coisas pra fazer e não posso me dar a esse luxo. Vemos isso ser cultivado desde a infância, as crianças do século XXI vão à escola, fazem curso de inglês, espanhol, informática, fazem ballet, natação, escolinha de futebol e ainda lhes são exigidas boas notas. Estão sendo preparados para conviver nesta grande confusão e talvez consigam entender melhor do que eu o porquê disso tudo, mas, quem sabe, nunca conseguirão ter a sensação maravilhosa de se deitar no sofá num dia de domingo e ver TV despretenciosamente.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Foco do Problema

“Viaje direto para a Argentina sem passar pelos focos de epidemias do Brasil”. Com este slogan, uma companhia de viagem européia tranqüilizava seus clientes no início do século XX. Um século se passou e essa mesma publicidade poderia ser usada sem riscos de desatualização. A cidade do Rio de Janeiro recebeu milhões de pessoas durante este tempo, em sua maioria trabalhadores com suas famílias que fugiam da pobreza da zona rural e viam no Rio uma esperança de viver com dignidade.
Dignidade é tudo o que não se vê nos hospitais e postos de saúde superlotados, nos quais os doentes chegam a esperar por mais de três horas para receber atendimento. Isso demonstra toda a fragilidade do sistema público de saúde, que não consegue comportar pessoas contaminadas por uma doença cujo diagnótico e tratamento consistem apenas em um exame de sangue e uma solução para reidratação oral, que devem ser feitos o mais rápido possível. Além disso, para pôr fim aos focos de mosquitos (ou reduzí-los em 90%) basta implantar um decente sistema de saneamento básico.
Para uma cidade que representa 4,7 % do PIB do Brasil, é inadmissível que pessoas ainda morram de uma enfermidade que remete ao início do século passado. Ao invés da criação de uma infra-estrutura eficiente que consiga responder às dificuldades crônicas da cidade o que se vê é um show de medidas paleativas que surgem nos momentos de crise e não resolvem o problema.
Essa epidemia, (ou surto epidêmico, como opta o prefeito César Maia apesar dos 45.463 casos da doença só em 2008) tem suas raízes na sucessão de governos que pouco se importam com a situação caótica que vive a população. O descaso com a saúde é o mesmo com a segurança que permite ao crime organizado se alastrar e com a educação que deixa milhares de estudantes sem aula por falta de professores. Não há como separar uma crise da outra, pois todas elas se interligam, têm sempre como (ir)responsáveis os que se sucedem nas cadeiras de prefeito e governador e como vítima a população.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

"De que liberdade de expressão estamos falando? "

O poder que a mídia tem de manipular a opinião pública a favor ou contra um acontecimento é de extrema importância. No entanto, vemos aqui mesmo no Brasil situações corriqueiras onde os veículos midiáticos denunciam, apedrejam e incriminam pessoas antes mesmo da própria justiça. Eles assumem o papel de julgador dos fatos, e ainda que seja provado o contrário, o estrago que já foi feito é irreversível.
Em nome da liberdade de expressão a imprensa comete profundas injustiças, que não podemos deixar de chamar de propositais. É o caso da RCTV na Venezuela, que teve sua concessão cassada pelo presidente Hugo Chávez. Uma medida que gerou polêmica, na qual a imprensa do mundo inteiro o denominou de ditador.
Porém, o que esqueceram de dizer é que o presidente já concedeu licença para mais de 400 meios de comunicação alternativos de veículos multi-midiáticos, criou 2 TVs públicas e que a RCTV é um oligopólio capaz de levar milhares de venezuelanos ao erro com seu conteúdo distorcido sobre o governo.
Portanto, que tipo de liberdade de expressão eles estão reivindicando?
Dar liberdade a uma empresa jornalística que representa descaradamente os interesses da burguesia, que foi fundamental no golpe aplicado ao governo de Chavez, eleito democraticamente? A esse tipo de empresa só serve a censura, a única capaz de calar as mentiras que repetidas e difundidas acabam virando verdades.
A liberdade de expressão não pode vir desacompanhada de leis que delimitem profundamente o papel do jornalista. E, na minha opinião, o jornalismo deve ser um serviço público , porque só assim será capaz de atender puramente ao interesse público.